quarta-feira, outubro 04, 2017

ENTREVISTA DE JANILSON SALES & PROJETO MUSEU HOMEM DO CAMPO


ENTREVISTA DE JANILSON SALES – Conheci o professor e poeta Janilson Sales, durante o evento do projeto Museu do Homem do Campo, na Biblioteca Fenelon Barreto, por meio do diretor da instituição, João Paulo Araújo. Conversamos, trocamos ideias e livros, oportunidade em que tive de realizar a entrevista falando de seus livros, seu trabalho pedagógico, seus projetos e realizações.


LAM - Janilson, primeiro vamos falar do poeta: quando e como se deu seu encontro com a literatura?

Histórias que minha mãe contava permearam toda minha infância. Os clássicos de Hans Christian Andersen, Charles Perrault,contos dos irmãos Grimm, fábulas de La Fontaine, Esopo e o fascínio dos personagens de Monteiro Lobato e histórias diversas da tradição oral.O interessante é que não tínhamos os livros.Minha mãe teve acesso quando estudou e recontava-os.Quando do meu primeiro ano de escola, ai sim,tive acesso aos livros.Lembro que trazia para casa e pedia que minha mãe lesse para mim.Tinha um meu preferido, da Eva Furnari.Como só tinha desenho eu conseguia entender a história mesmo sem saber ler.Anos depois, já alfabetizado, tive contato com o livro didático intitulado Terra da gente.E nele um texto em poema.As rimas encheram-me os olhos.

LAM - Quais influências da infância e adolescência consolidarão sua formação literária?

Das histórias que eu ouvia fazia parte o cordel. Adolescente ainda já comecei a colecionar. Autores diversos, temas diversos.A musicalidade, as rimas faziam minha alegria. Depois, já tendo a cesso a biblioteca, devorei os livros de Castro Alves.Sua criatividade, seu vocabulário vasto impressionava-me.


O professor e poeta Janilson Sales com o Diretor da Biblioteca Fenelon Barreto, João Paulo Araújo. 

LAM - Você é professor com formação em Pedagogia e especialização em Psicopedagogia. A seu ver, quais os principais problemas da educação no Brasil?

Uma formação do profissional da educação que deixa a desejar. Não digo só a formação inicial, mas no processo. O conhecimento é algo dinâmico que exige do professor um contínuo aperfeiçoamento. Para isso precisaríamos acesso a livros, seminários, congressos e tudo mais que atualize os conhecimentos.Mas nesse ponto o fator econômico interfere. Em seguida elencamos uma interferência política maléfica no fazer da educação, o que acarreta mudanças impostas,descontinuidade de programas e políticas publicas educacionais.

LAM - Você é mestrando em Ciência da Educação. Qual a proposta temática que você pretende levar para a sua dissertação de mestrado?

A inserção de recursos da natureza no processo de ensino aprendizagem. Com foco inicialmente na educação do campo, eu tento mostrar que é possível apenas utilizando recursos da natureza par darmos uma proveitosa aula.

LAM - Mantendo-se, ainda, na área de Educação: quais os principais problemas que você tem encontrado no processo de ensino-aprendizagem em sala de aula?

Técnicas e projetos desfocados da questão puramente pedagógica. Visam índices para verbas e dados para discursos políticos vazios. Dentro desta conjuntura está o aluno não estimulado ao sentido real de estudar. Cabe a nós professores um trabalho a mais: Primeiro dizer que o aluno precisa estudar e depois é que vem os conteúdos.


LAM - Voltando para a poesia: você lançou um cordel, O dia em que choveu na Terra dos Poetas. Qual a proposta desse seu trabalho?

Linguagem de cordel com aparência de livro. Quebrando paradigma, mostrando que o cordel merece lugar na estante.

LAM - Em 2011, você lançou o livro Formosos pés. Fala dessa experiência pra gente.

Foi meu primeiro livro. E como tudo “primeiro”, marca. A maioria dos poemas são sonetos que abordam o tema missões, evangelismo. Traz a visão cristã de pregar a Palavra, divulgar o amor do salvador.


LAM - Em 2013, você lançou o livro Viver livre. Fala dos propósitos dessa realização.

Viver Livre é também um livro de poemas, simples, soltos, fazendo jus ao tema. Na verdade é um convite a observarmos as coisas simples da vida. Provoca uma reflexão para entendermos realmente os temas básicos como amor, felicidade, liberdade.


LAM - A partir de 2013 você passou a desenvolver um projeto Museu do Homem do Campo que, inclusive, foi premiado e mereceu destaque na revista Nova Escola. Conta pra gente sobre este projeto.

Inicia em sala como incentivo para que os alunos vejam História a sua volta: nas coisas de casa, no que seus pais fazem, dizem, conservam. Desta observação sugeri que trouxessem a escola algo que representasse essa história. Foram chegando moedas, ferramentas, fotos e tantos outros objetos que já não cabiam na sala. Fizemos uma exposição no pátio da escola. No ano seguinte os alunos perguntaram se novamente aconteceria a exposição. Vi nisto a importância que teve este resgate da cultura e registro das vivências. E assim, só na escola, já fizemos três edições.

LAM - Quais os projetos você tem por perspectiva de realizar?

Dada a experiência e sucesso da exposição do museu na Biblioteca Fenelon Barreto, é certo que buscaremos outros espaços, dentro das viabilidades de locomoção. E em breve lançaremos nosso próximo livro. Com certeza está vindo mais poemas.



Lançamento na Biblioteca Fenelon Barreto do Projeto Museu Homem do Campo.

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