sexta-feira, março 08, 2013

MAZINHO, O JUCIMAR DAS CANÇÕES DE ENTREGA, COBIÇA E MUITO MAIS




MAZINHO, O JUCIMAR DAS CANÇÕES DE ENTREGA, COBIÇA E MUITO MAIS



Mazinho é uma daquelas pessoas que a gente gosta de graça. De cara, a gente sabe logo se tratar de um sangue-bom, sujeito probo, duma integridade e retidão sem mácula, do bem tipo daquele a quem a gente pode dizer de olho fechado que é o cara.

Conheci Mazinho na nossa terrinha pernambucana. Trabalhamos juntos até, formalmente, na adolescência, no cartório. Depois disso, ele sumiu.

Eis que anos depois ele aparece quando promovi a IV Feira de Música lá em Palmares, não lembro se em 1976 ou 77, por aí, onde ele arrebatou o primeiro lugar com a música “Guerreiro”, de sua autoria e contando só com o acompanhamento do Lulika dos Palmares. Foi sucesso de público logo nas eliminatórias e enfeitiçou o júri. Todo mundo tiete dele. Não deu outra, né? Emplacou o primeiro lugar na preferência de quem ouvisse a música. Tanto que dava uma canja com apresentações relâmpagos na noite da cidade. Depois, sumiu de novo.

Vez por outra a gente se encontrava, ocasião em que mostrou uma canção sua “Nova era”, lindíssima. E depois um compacto duplo que ele gravou quando esteve no sul do país. E tome sumiço.

Anos se passaram e, de quando em vez, a gente se encontrava de forma intermitente até o dia que o Zé Ripe abriu um bar na esquina do Colégio Diocesano e a gente dava as caras por lá. Foi nesse período que Mazinho colocou letra na minha música “Molhado de sonhar” (que eu nem lembro mais como é e acho que ele muito menos) e que depois, por força dessa primeira parceria, ele colocou música em três poemas meus: “Entrega*”, “Cobiça” e “Cilada”. E só não saiu mais músicas porque tanto ele como eu somos farrapeiros de marca maior. A gente só consegue se ver esporadicamente, não adianta marcar, dois trastes de fujões. Mais música sairia se a gente tivesse mais tempo de se ver. Mas ele - assevero com toda a palavra de sujeito que não merece o menor crédito -, é pior do que eu nas farrapadas e nos bolos. Pelo menos, às vezes eu vou, às vezes não. Chego atrasado ou enrolo e fiz que fui e terminei nem indo. Ele é pior, não vai mesmo. Isso não quer dizer que ele seja irresponsável, não, irresponsável mesmo sou eu. Ele é um cara direito e cumpridor que honra todos os seus compromissos. Se ele disser uma coisa, pode escrever e pode ter certeza que dará certo. Comigo não, comigo tem que ter trocentas testemunhas e a exigência mesmo de papel lavrado em cartório perigando eu inadimplir de qualquer forma, apesar da formalidade. Tanto que, para me redimir sempre repito uma coisa: o que digo, não se escreve; o que escrevo, ninguém apaga. Quer sentença mais chula para um sujeito pau-torto que nem eu? Mas vamos nessa, vamos falar de Mazinho e não de mim.

Pois bem, entre as sumidas e aparecidas, Mazinho me surpreendeu e apareceu com o cd “Sutilmente”, lançado em 2003 e só agora eu tomo conhecimento (graças à presteza dele em entregar ao Rolandry Silvério – o tal do Doro – três meses depois de lançado e o outro relaxado passar mais três meses para me entregar aqui em casa, pode? Coisas da gente da minha laia mesmo esse tal de Rolandry).

O cd traz músicas de sua autoria, incluindo a minha parceria com ele na “Entrega” e mais “Nós” e “Imprevisível” com o poeta Henrique Arruda (que falei de um livro dele lindíssimo chamado “Do Una ao mar”, no Varejo Sortido)  e uma outra, a “Despertar” com um certo Henrique Costa que nunca ouvi nem falar.

O que posso assegurar é que o disco é bom e já começa quente com uma música chamada “Coração da Guerra”, onde Mazinho assina: “No coração da guerra tem sangue virando água, tem risos virando mágoa, tem filhos deixando dores e gritos jogados fora”. Belíssima, só ouvindo para se ter uma idéia de verdade.


Ah! Mas tem uma faixa que é um verdadeiro primor: “Querer sonhar”, tanto letra como música são lindíssimas e ambas são do próprio Mazinho. Mas para saber o tamanho disso, só ouvindo e passando pelas 15 faixas do cd.

Enquanto mato vocês de inveja ouvindo o cd de frente pra trás e de trás pra frente, convido a conhecerem a nossa parceria nos clipes que trago aqui. E também um aviso: vem cd novo do Mazinho por aí, aguardem! Por certo, não se arrependerão. Eu mesmo sou fã do trabalho dele. E digo mais: quando aparecer uma coisa com a rubrica Mazinho eu assino embaixo e em branco se for necessário. Confiram e vejam se não digo a verdade. 

PS: Publicada originalmente em 19 de janeiro de 2004, no Usina de Letras, revisto e atualizado.





PRIMEIRO ADENDO: ENTREGA – Como eu disse anteriormente, a minha parceria com Mazinho foi “Molhado de sonhar”, uma música que fiz e ele letrou. Infelizmente não lembro, tenho gravada nalguma fita escondida nos lugares mais recônditos da minha casa. Logo em seguida fizemos Entrega, música dele sobre um poema meu, que foi inicialmente gravada pela dupla Cikó Macedo & Zé Linaldo, no disco deles Edição Extraordinária. Depois foi gravada pelo próprio Mazinho no seu álbum sutilmente, com a participação de Zé Linaldo. Depois eu inseri a canção no meu show Tataritaritatá.


COBIÇA – Essa foi a nossa segunda parceria, Cobiça. Uma linda música dele sobre um poema meu. Essa ele canta divinamente, mas nunca gravou. Então inseri essa linda canção no meu show Crônica de amor por ela.


QUERÊNCIA – A nossa terceira parceria foi Cilada, música dele sobre letra minha. Estou tentando recuperar essa música catando fitas e pretendo cantá-la na próxima edição do meu show Crônica de amor por ela. Enquanto isso, agora em 2013 a gente emplacou nova parceria, Querência que foi inserida no seu álbum deste ano.


PS2: Atualizado em 28 de dezembro de 2013.

Veja mais do talento de Mazinho aqui. E nas Crônicas Palmarenses.